Parque Histórico e Galeria do Sótão
03. El Anatsui
"Cire perdue", "Ugwu" e "XiXe"
published at 11/03/2020
Distinguido com o Leão de Ouro da Bienal de Veneza, em 2015 por todo a sua obra e pelo Praemium Imperiale em Tóquio, em 2017, El Anatsui é conhecido pelas suas esculturas em madeira e pelos seus complexos conjuntos de materiais reciclados. No final da década de 1970, privilegia a utilização dos fragmentos de vidro e de cerâmica. Duas décadas mais tarde, cria as suas primeiras peças de "tecidos" a partir de materiais pobres.
El Anatsui inspira-se nas tradições africanas de reciclagem e de desvio de objetos manufaturados usados. Soube instituir a recuperação como centro do processo criativo. As suas obras questionam os intercâmbios mundiais do comércio, a destruição, a transformação dos materiais, símbolos dos acontecimentos pelos quais passou o continente africano.
CIREPERDUE, 2019
"Porquê os barcos, porquê as barcas? É, para mim, o sinal de partida, a barca, é o que serve para transportar os seres humanos, as ideias e os materiais. O barco sacrifica-se de certa forma, para transportar seres e materiais de todas as espécies. A obra chama-se Cire perdue (Cera perdida), como uma obra perdida, uma vida perdida. O barco sacrifica-se a transportar os seres humanos e as mercadorias: é, em geral, horizontal e, aí, é utilizado verticalmente. São barcos mortos que erigimos com o intuito de os celebrarmos. É a glorificação dos que sacrificaram as suas vidas, como uma elevação ao céu numa escultura extraordinária. O barco sacrifica-se, como quando derramamos o bronze e quando a cera se perde. A energia perde-se para permitir a existência de uma outra coisa. É a emergência de coisas novas que aqui é celebrada. O barco possui uma coluna vertebral em bronze. Existe uma conversão dos barcos em bronze, com a tigela no cimo que permite distribuir a cera." El Anatsui
UGWU, 2016
É uma colina extraordinária feita de toros de madeira, materiais recicláveis, várias chapas para impressão e de cores chamativas, que o grande artista ganês concebeu no coração do Parque Histórico.
XiXe, 2015
El Anatsui inspira-se nas tradições africanas de reciclagem e de desvio de objetos manufaturados usados. Soube instituir a recuperação como centro do processo criativo. As suas obras questionam os intercâmbios mundiais do comércio, a destruição, a transformação dos materiais, símbolos dos acontecimentos pelos quais passou o continente africano.
REFERÊNCIAS BIOGRÁFICAS
EL ANATSUI
GANA
El Anatsui nasceu em Anyako, no Gana, em 1944. Vive e trabalha em Tóquio em Nsukka na Nigéria. Licenciado na Faculdade de Artes da Universidade de Ciência e Tecnologia de Kumasi, no Gana (1969), ele completa a sua formação clássica com a aprendizagem de técnicas antigas da cultura ashanti: gravura, cerâmica, olaria... Nos anos 70, ele junta-se ao grupo de artistas nigerianos Nsukka, associado à Universidade da Nigéria. Ensinou na Universidade da Nigéria entre 1975 e 2011.
Em 1990, foi um dos cinco artistas escolhidos para representar África na 44.ª Bienal de Veneza.
Em 2013, recebe o prestigiado «Charles Wollaston Award» pela sua obra TSIATSIA - searching for connection, 2013. Essa gigantesca cortina chamativa, criada a partir de materiais recicláveis, decorou a fachada da Burlington House, durante a exposição de verão 2013 da Royal Academy of Arts em Londres (Royal Academy’s 245th Summer Exhibition).
Em 2014, El Anatsui foi promovido ao grau de Académico honorário na Royal Academy of Arts de Londres.
Em 2015, recebe o Leão de Ouro da Bienal de Veneza pela totalidade do seu trabalho.
Em 2017, o prestigiado Praemium Imperiale coroa o artista na categoria de escultura.