Parque Histórico
B. Klaus Pinter
"En plein midi"
published at 19/11/2018
Em 1967, Haus-Rucker-Co, cujo Klaus Pinter foi um dos três fundadores, pendurava na janela de um imóvel de Viena uma esfera que alterava a visão que os habitantes tinham da sua cidade e do futuro. Era um símbolo de rutura, a Separação para Haus-Rucker-Co.
As esferas que o artista criou ao longo do tempo continuaram a desarmar o olhar, obrigando o espetador a interrogar-se sobre a história, a arquitetura. No Panteão em 2002, «as esferas mostram muito mais do que está escondido, revelam indiretamente o centro luminoso da arquitetura tradicional... Pinter restabelece, graças às suas esferas, o local histórico perdido entre o espetador e o céu, destruindo-o voluntariamente e deixando-o, assim, para reflexão» escreve Thomas Zaunschirn. Dilatação dos sentidos, ubiquidade, potencial imaginário, esperança, a esfera pode também destacar a tradição idealista evocada por Platão que a metáfora do pensamento estético que descreve Jacques Derrida na La vérité en peinture.
Instalada desde 2018 sob o Toldo dos Estábulos, a esfera em bambu de Klaus Pinter integrará, em 2023, o Parque histórico para assumir o seu lugar numa arquitetura vegetal. As tílias do passeio conferem a esta obra monumental um invólucro de verdura, onde os seus milhares de flores de ouro jogam com as folhas das árvores bicentenárias, captando a luz e as fantasias do céu.
REFERÊNCIAS BIOGRÁFICAS
Klaus PINTER
ÁUSTRIA
Nascido em 1940 em Schärding (Áustria), Klaus Pinter foi um dos membros fundadores do Haus-Rucker-Co (Viena, Düsseldorf) e do Haus-Rucker-Inc (NYC). Depois de sete anos em Nova Iorque, vários anos em Belgrado, depois em Bona e Paris, Klaus Pinter vive e trabalha na ilha de Oléron e em Viena. Ao criar, em 1967, o grupo Haus-Rucker-Co em Viena, destaca-se das Belas Artes e impõe-se como percursor da instalação, cenário de uma obra num contexto dado. Contribui ao longo dos anos 1970 para a difusão da cena radical austríaca.
Envolvido numa crítica virulenta da noção de progresso, da industrialização e das suas consequências no ambiente, Pinter concentra as suas pesquisas com Haus-Rucker na experimentação de uma nova relação com o corpo. O artista que, desde sempre, abordou a arquitetura dos locais históricos, museus ou instalações, convida-nos a refletir sobre as noções de espaço, símbolo e tradição.