PARQUE HISTÓRICO
04. Anne e Patrick Poirier
"Lieu de rêve", "Capella dans la clairière" e "L’œil de la mémoire"
published at 04/01/2018
Lieu de rêve
Situado diante do Loire, a jusante da ribanceira, esta poltrona em granito preto promove o silêncio, a meditação e a contemplação. No encosto, a gravura dourada de um labirinto elíptico assemelha-se a um cérebro que lhe dá um caráter sagrado. Fragmento de vestígio enterrado que brota da terra, é a memória de uma arqueologia ficcional, atualizada por Anne e Patrick Poirier. Aproveitando simultaneamente o estatuto de arquiteto e de arqueólogo, o casal de artistas marca, com este bloco de pedra, o local onde teria sido construída a primeira igreja de Chaumont.
Capella dans la clairière e L’œil de la mémoire
A capela de Anne e Patrick Poirier apresenta-se como uma arquitetura redescoberta por arqueólogos. «Durante as suas leituras, a atenção dos arqueólogos foi atraída por um local do parque afastado do castelo no qual concentraram a sua pesquisa: uma pequena clareira no meio de tílias selvagens numa zona semiabandonada da propriedade. É verdade que era possível distinguir, ao penetrar nos bosques sem forma, grandes fragmentos de pedra branca caídos no solo como esquartejados, colapsados de acordo com um desenho preciso. Isso correspondia à alusão feita nos arquivos à presença de um edifício pequeno (capela? oratório? ermida?) até agora impossível de encontrar. Foram realizados trabalhos de terraplenagem, apesar do inverno rigoroso e enevoado de 2010, e 8 grandes estelas com 3 metros de altura por 1,40 metros de altura e 20 cm de espessura foram libertadas da terra e da hera que as ocultava quase totalmente. Era possível ler, na face limpa e visível, uma série de palavras que, longitudinalmente, pareciam formar uma frase. Eles descobriram também no centro destes vestígios uma cabeça grande em pedra coberta por uma fina camada de ouro. Os arqueólogos decidiram recolocar as estelas na vertical com base na sua posição, o que proporciona uma espécie de pequena construção (fábrica) designada nos textos com o nome de «CAPELLA». A uma dezena de metros desse sítio, coberto por lianas e musgo, enterrado na terra, eles identificaram um enorme bloco monólito de mármore. Uma inscrição quase ilegível em letras maiúsculas antigas dizia: OCVLVS HISTORIAE. Uma vez limpo o bloco, tiveram a surpresa de descobrir um olho gigantesco que os observava, um olhar desafiador do tempo, vestígio de um culto, de uma cultura, de uma memória esquecida. O olhar de estátua gigantesca e despedaçada. Uma outra Vanitas?»
REFERÊNCIAS BIOGRÁFICAS
Anne e Patrick POIRIER
FRANÇA
Anne Poirier nasceu a 31 de março de 1941 em Marselha e Patrick Poirier a 5 de maio de 1942 em Nantes. Residem atualmente em Lourmarin, Vaucluse. Após estudarem na Escola de Artes Decorativas de Paris, tornam-se internos na Villa Médicis entre 1967 e 1972. Desde o início da sua temporada, decidem trabalhar em conjunto e partilhar as suas ideias e sensibilidades.
Anne e Patrick Poirier são verdadeiros viajantes da memória, que eles consideram como a base de toda a inteligência entre os seres e as sociedades. Exploram locais e vestígios provenientes das antigas civilizações gregas, romenas, maias ou índias e dão-lhes vida através de maquetes e reconstituições a escalas reduzidas. São simultaneamente escultores, arquitetos e arqueólogos. Interessam-se pela psique, da qual nunca deixam, através de diversas metáforas, de tentar compreender as estruturas.
Ao inspirar-se nas histórias da mitologia e através da exploração de cidades reais ou imaginárias, a obra que eles elaboram a dois é uma metáfora do tempo e da Memória. Passado e futuro estão intimamente envolvidos, dando-nos a conhecer a fragilidade das culturas e dos seres.