Hotel Le Bois des Chambres & Restaurant Le Grand Chaume

Da Idade Média ao Renascimento

published at 28/07/2017
Charles II d'Amboise

O Castelo de Chaumont foi fundado cerca do ano mil por Odo I, Conde de Blois, a fim de vigiar a fronteira entre o condado de Blois e o condado de Anjou, governado por Foulques III Nerra.

O cavaleiro normando Gelduin recebe Chaumont e manda consolidar a fortaleza. O seu filho e sucessor Geoffroy, sem filhos, escolhe para herdeira a sua sobrinha-neta Denise Fougères, que casa, em 1054, com Sulpício I de Amboise. O Castelo mantém-se, assim, na posse da família de Amboise durante cinco séculos.

Em 1465, Luís XI manda arrasar e incendiar Chaumont para castigar Pedro I de Amboise, pela sua implicação na “Liga do Bem Público” (conspiração dos nobres contra o rei). De novo em graça, são-lhe restituídas as suas terras.
Entre 1468 e 1481, Pierre 1º d’Amboise e o seu filho Charles 1º levam a cabo uma grande campanha de reconstrução do Castelo, destruído em 1465 sob as ordens de Louis XI. Se a necessidade de segurança surge menos presente que nas épocas anteriores, os dois comanditários mantêm, contudo, as disposições defensivas, símbolo de poder e de privilégios. Torres maciças, valas e torre de flanqueamento, seteiras ou mata-cães, ainda hoje visíveis, manifestam assim o apego da família de d’Amboise às formas medievais.
 

Durante a segunda campanha de construção, realizada entre 1498 e 1511 por Charles II d’Amboise e pelo cardinal Georges d’Amboise, o emprego de um vocabulário formal importado de Itália atesta a abertura da família aos Tempos Modernos. Esculturas de arabescos, por exemplo, integram-se então na arquitetura gótica. Chaumont inscreve-se numa filiação com as construções fortes da geração anterior e, ao mesmo tempo, vai buscar as suas formas ao novo repertório.

 
 
Os emblemas de Charles II d’Amboise
As etapas de construção do Castelo podem ser distinguidas graças à evolução dos estilos arquiteturais e graças aos símbolos gravados na pedra pelos sucessivos proprietários. Assim, Charles II manda esculpir um friso de dois "C" entrelaçados, alternando com uma colina inflamada, perfeitamente visível no Castelo. Na torre direita do châtelet de entrada, dois homens selvagens seguram um brasão da família d’Amboise.
 
Os emblemas de Louis XII
A visita de Louis XII e da sua esposa Anne de Bretagne, em 1503, encontra-se comemorada por cima da ponte-levadiça pela escultura das armas de França, envolvida por um "L" e um "A" coroados. Foi igualmente acrescentado um porco-espinho à fachada da ala Este, no pátio do Castelo. Louis XII herdou este emblema do seu pai, Charles d’Orléans. Na altura, uma crença dizia que o animal pode não só proteger-se com os seus picos daqueles que se aproximam, mas igualmente atirá-lo em jeito de flechas contra aqueles que provocam ao longe.
 
 
Contemporâneo célebre: a família Chaumont-Amboise
Verdadeiro clã de numerosas alianças, os Chaumont-Amboise ocupam um lugar eminente na história artística e política de França. Três irmãos de Charles Iº deixam a sua marca entre os construtores e mecenas dessa época: Louis, bispo de Albi, dota a sua catedral de um coro alto e de um encerramento de coro que constituem obras-primas da arte flamejante; Pierre, bispo de Poitiers, constrói o castelo de Dissay, perto da sua metrópole; Jacques, abade de Cluny de 1485 a 1510, é um dos mestres de obras do hotel de Cluny em Paris, atual Museu nacional da idade Média.
Um lugar à parte é concedido ao mais novo dos irmãos, Georges, eclesiástico de topo, homem de poder e benfeitor das artes. Nascido em Chaumont em 1460, aproxima-se de Louis II d’Orléans, futuro Louis XII. Arcebispo de Narbonne e, posteriormente, de Rouen, promovido a cardinal em 1498 e legado do Papa em 1499, torna-se «primeiro-ministro» do novo rei, oferecendo-lhe a popularidade através de uma administração judiciosa.
Os Amboise contam agora entre os principais introdutores do gosto italiano no reino de França. Um gosto que conduz uma elite a inspirar-se dos edifícios admirados além-fronteiras, ao ponto de mandarem vir certos escultores e ornamentistas. Assim se ergue o castelo – ou palácio episcopal – de Gaillon, em Eure (Normandia), empreendido por Georges d’Amboise logo no início do século XVI e que marca um ponto de viragem da Renascença italiana na arquitetura francesa. Charles II d’Amboise, filho de Charles Iº, favorito do seu tio Georges, que o nomeia Governador da Lombardia, Marechal e depois Almirante de França, é o primeiro francês a interessar-se por Leonardo de Vinci. Encomenda-lhe um projeto de Villa por sua própria conta e alguns quadros por conta de Louis XII (que aprecia os seus talentos de pintor). Em 1507, promove a primeira viagem do grande artista a França. O aluno de Leonardo, Andrea Solario, trabalha em Gaillon e faz o retrato de Charles II d’Amboise, conservado atualmente no museu do Louvre.