Hotel Le Bois des Chambres & Restaurant Le Grand Chaume

O quarto de Ruggieri

published at 26/10/2022

Esse quarto é chamada devido ao sinal presente no pano da chaminé: a letra grega Delta —inicial de Diana— e três círculos ou três luas cheias. Esta escultura foi inicialmente interpretada como um sinal cabalístico de Ruggieri, um dos astrólogos da rainha Catarina de Médicis, mas também poderá ser uma evocação de Diana de Poitiers pois, na mitologia romana, Diana é a deusa lunar.

Uma cama de dossel suspensa do final do século XVII, um presumível retrato de Cosimo Ruggieri, uma curiosa cadeira do século XV, evocando, através de três patamares diferentes, a posição hierárquica do senhor e da sua família ou a posição dos membros do clero do século XVII, e um contador de abrir com uma gaveta e tampa com fechadura datado do primeiro quarto do século XVII completam a decoração deste quarto.

Esta sala apresenta uma chaminé policromada do século XVI, que lembra que antigamente todas as chaminés eram pintadas, e paredes feitas de tijolo e pedra, segundo um processo corrente no início do século XVI.

 

Cosimo ou Côme Ruggieri
Nascido em Florença, é filho de um médico, astrólogo e vidente: Roger o velho (Ruggiero il vecchio). Levado para França por Catherine de Médicis, torna-se o seu confidente e conselheiro, exercendo sobre ela uma influência considerável.
Dever-se-ão a Ruggieri um certo número de predições. Terá afirmado a Catherine de Médicis que esta seria Rainha de França (quando estava casada com Henri II, que, na altura, era apenas o filho cadete do Rei) e que teria 10 filhos, no momento em que esta acreditava ser estéril.
É no Castelo de Chaumont que se terá desenrolado uma das suas previsões mais conhecidas: a entrevista entre Ruggieri e Catherine de Médicis. Os historiadores não estão completamente de acordo sobre a sala onde teria decorrido este encontro mas segundo Félibien (arquiteto e historiógrafo francês do século XVII), esta sala dava para o rio Loire, ou seja, ou na ala norte destruída em 1750, ou na torre Saint-Nicolas, ainda existente.
Os três rostos dos filhos de Catherine de Médicis terão aparecido sucessivamente num espelho, que terá dado tantas voltas quantos os anos de reino de cada um dos três reis: François II (1 volta), Charles IX (14 voltas) e Henri III (15 voltas). No momento da morte deste último em 1589, sem descendência, a dinastia dos Valois estende-se em benefício daquela dos Bourbons, com a chegada do rei Henri IV.
Cosimo Ruggieri terá igualmente predito a Catherine de Médicis que esta morreria «perto de Saint-Germain», o que interrompeu a construção do Palácio das Tuileries, sito perto da igreja Saint-Germain l’Auxerrois e motivou a sua instalação precipitada, em 1572, naquele que se tornaria o Hôtel de la Reine. A rainha-mãe morreu a 5 de janeiro de 1589 no castelo de Blois. O confessor chamado para lhe conceder a extrema-unção chamava-se Julien de Saint-Germain.
Se Ruggieri era efetivamente um grande especialista dos astros, estava igualmente familiarizado com outros métodos mágicos: leitura nas vísceras dos animais, espelhos mágicos, envultamento com a ajuda de agulhas enfiadas em figuras de ceda.
Os autores do século XIX são amplamente responsáveis por esta legenda, estado em primeiro lugar, Honoré de Balzac com La Confidence des Ruggieri e Le Secret des Ruggieri. Estes romances históricos tirados dos «estudos filosóficos» onde aborda Catherine de Médicis, constituem o ponto de partida de uma literatura, numerosa e variada, que vai moldar o mito Ruggieri, e atribuir ao astrólogo um pai «Ruggieri o Velho» e um irmão «Laurent», apesar de a existência destas personagens não se encontrar incontestavelmente comprovada.
 
Gabriel-Louis Pringué, escritor e íntimo da família de Broglie, residem regularmente em Chaumont. Ele conta em sua obra intitulada «Trente ans de dîners en ville» (Trinta anos de jantares na cidade): «Eu tentei surpreender a horda dos fantasmas e espectros que se evadiam pelas escadas secretas. Ali, Ruggieri compunha seus venenos, dos quais os frascos permaneciam ainda fechados em seu quarto, ao passo em que lia nos astros, o futuro da França…».
 

 

Maqueta da ala Este e da Capela
Esta maqueta, constituída por cinco pedaços de gesso pintado, foi realizada em 1878 a pedido do príncipe Henri-Amédée de Broglie, pelo arquiteto Paul-Ernest Sanson e o escultor Antoine Margotin, a quem se deve igualmente a lareira neogótica da Sala de Jantar.
O príncipe de Broglie vem apenas muito raramente a Chaumont para acompanhar os trabalhos de restauração. Esta maqueta enviada ao hotel particular dos Broglie situado em Paris no n°10 a rue de Solférino, permite que o príncipe valide ou rejeite as propostas arquiteturais de Paul-Ernest Sanson.
Sanson prevê o restabelecimento das fachadas Oeste e Este do segundo andar com uma decoração de conchas retrospetivamente inspiradas das cornijas da ala François Iº em Blois e de outros edifícios regionais (em Beaugency, Orléans…). Prevê igualmente restabelecer as lucarnas e eliminar a crista da capela.